sexta-feira, 30 de abril de 2010

Arquimedes

Sobre o que está posto espelho o corpo.
Crio o salto, esvazio o medo
*Sobre a cabeça aviões...

A nova vértice que inclina ao encontro do novo sol
A nova lua se abre e mostra a face plena
O sol a graceja, mas não a invade.

Espera palavra certa para o despertar
Espera a clareza do novo momento
Revela o êxtase.

Insolente? sedutor? intrigante?
Questionador?
Queredor de um mistério sem prumo?
Inquieta o respirar para chamar
Inquieta o desejo translúcido
Revela o deleite.

E segue o passo o dia e a noite
Esperando o movimento, o calafrio, olhar
Um ponto de partida para pulsar.

Um sorriso firme para o cantar
E os vultos inertes tomam a dança
Silenciosa e louca por tanto esperar.

A alavanca para este desejo se consumar
E o mundo se acalmar
E pairar sobre o gozo da existencia.
Tudo está a um passo, um contato um gesto
O ponto que começa e termina
A cura da entrega permitida.

Impertinente? Pérfido? Intermitente?
Eureka!
Eis que a verdade não pode ser vivida por inteira
E não é de mentira que se passam os dias
É de espera.

G2


*trecho da música: tropicália (Caetano Veloso)

Doce Instante

Sentia sua dança com meu olhar.
Todo o mistério transposto num movimento.
Foi um encontro de encanto e desejo.
Desde então me pego bailando você em meus pensamentos.

Sensualidade,suavidade e um palpitar contente!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Estrangeiro

O pintor Paul Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem
Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro
Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante deareia brancae de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açucar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora
Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)
E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num sinclavier:
"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:
É um desmascaro
Singelo grito:
"O rei está nu"
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nú
E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer
but i've given up all attempts at perfection").


"...E eu, menos a conhecera mais a amara..."

Norte

Do dia se tira o amargo gosto do acaso
Se nota o contínuo e o estático
A força que une e que afasta
O mal que permeia e se deseja.

Eis que das cinzas não há mais pó
Do não dito pelo dito
Da cadência pelo samba não criado
Da decência seu desconforto.

O pavor que aflora e que intimida
A Ilusão da palavra, maldita.

Cega na luz que não enxerga
Intrusa do que não permite
Frígida do pleno prazer
Voraz sem nunca ter sido.

É só um caminho visto, é o único a ser seguido
Num casulo só seu, que não fermenta, que não gera
E única verdade que tens é a certeza de não poder, de não ser.

Germano Gomes

Desabafo desses de madrugada


"Anita abriu o livro sobre a mesa para ler a dedicatória: Ao homem que me faz acreditar em príncipe encantado. Nunca pensou que palavras tão doces e românticas, mesmo que piegas para tantos, lhe causassem tamanha dor.

Nunca, como mulher, Anita sentira-se tão mal. Como ser humano já se sentira pior, mas como mulher, sentia-se suja, criminosa. Ouvira o desejo de um homem comprometido, beijara lábios que pertenciam a outra. Mas parte da dor daquela poetiza era saber que alguém vivia a plena alegria de uma ilusão.

Será que se pode dizer que se ama alguém que tão pouco se conhece? Será que é verdadeiro um relacionamento baseado em mentiras?

Com os meses de convivência posteriores a noite em que tudo aconteceu, Anita descobriu que ele amava de fato a remetente daquela dedicatória, ou pelo menos, alimentava tão fielmente aquela ilusão que qualquer um que ignorasse o que Anita sabia, acreditaria no romantismo daquele relacionamento.

Eles trocavam senhas e confidências como quem confia, mas tinham segredos sagrados. Palavras duras e brigas contínuas. Anita nunca acreditou em brigas, sempre achou que brigas era um sintoma de uma relacionamento que iria falir.

Às vezes, a escritora perguntava-se se a enganada não era ela, se na verdade, a Remetente não sabia de tudo. Sabia da música que tocara, das palavras sussurradas, das situações descascadas.
E por algum motivo, Anita concluiu que não trocaria nenhum dos seus relacionamentos complicados e carentes de definições, regras e limites, por aquela ilusão, por mais bela que ela fosse. Anita amava a idéia da confiabilidade e mesmo sabendo que a Remetente tinha esse sentimento, Anita também sabia que essa não era a verdade e que bastava um passo em falso para que tudo desmoronasse e haveria muita dor.

Eis uma informação valiosa sobre a famosa escritora, ela era uma covarde. Não enfrentou esse desejo antes por medo de se apaixonar, não lutaria por ele por outros motivos, mas ainda sim, sempre foi muito mais covardia que qualquer outra coisa.

E Anita temia o dia que encararia a mulher que ajudara a trair, porque neste dia a trairia novamente, pois se calaria diante de um crime e se tornaria cúmplice dele. Restava a ela fingir que eram somente boas intenções". por Marcella Facó

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Trazedor de boas novas.


Sinto estilhaço cortante passando por dentro de mim como um trem desgovernado que não sabe onde quer chegar. Te vejo neste trem. Olhos perdidos a procura do que não terás mais.

Boca faminta a que nada sacia. Toque que não sentes. Vejo tudo o que perdestes e que deixastes de ter. Foi embora o sorriso, a expectativa,a vida. Há apenas uma existência que vaga dentro de um ser que quer explodir. Explosão de emoção. Cai um temporal lá fora. Serão os céus se confundindo com meus olhos? Serão os trovões extravasando o que aqui está preso? Pesadelo se mistura com realidade. Há um grito. Coração pulsa. E, de repente, vejo que o pesadelo se fez passado. Que o importuno foi. E o que é agora me conforta, me fortalece. Porque o é é você sussurando ao meu ouvido, segurando minha mão e dando em atos a certeza do abraço que sempre terei.

domingo, 25 de abril de 2010

Novena

Eis que surge entre os cacos do meu dia.
O cantar sincero dos seus dias.
A leveza dos seus pensamentos.
A brandura de seu sorriso.
O olhar cheio de primicias.
Faço suas as minhas preces.
Faço teu o meu sorriso.
Peço a clemência Divina.
Da aurora da minha vida.

Eis que surge alegria no meu amanhecer.
Sonhar no que foi penumbra.
Paixão no meu caminhar.
Certeza no pulsar.
Aos pés do inesperado
Sinto o calor dos braços
Afagados no colo da noite branca
Selando meu caminho.

Tudo ao meu redor te encontra
Toda folia dos meus atos
Toda magia do seu corpo
Tudo.

G2

Tormenta

Quero água.
Muita água.
Água pra matar a sede.
Água pra acalmar.
Água pra banhar.
E água pra me levar bem longe daqui

Água com gosto doce de beijo
Água com cheiro forte de vida
"Água de beber" como diria o poetinha
Águas de março ou àgua minha

Água ardente.Com cor, sem bolor.
Água cristalina. Com delicadeza,sem frieza.
Água corrente. Com som, sem maçom.
Águas de março ou água minha

Percorre os caminhos do meu coração
Deságua na minha alma
Abre braços de dor, de amor
Espalha-se em plantações de sonhos criados por mim
Águas de março ou água minha

Componha este corpo feito de ti, pra ti
Faça tormenta de paixão dentro de mim
Mude este curso, aumente este fluxo
Torne-se desejo, prazer, glória e plenitude
Águas de março ou água minha.

G2

Essa mina, Carolina, é de abalar!

Que me perdoem as minhas maravilhas Ms: Maria Rita,Maria Bethania,Marisa Monte,Maria Gadu até a da Mata, mas desde ontem a vez e a voz foi dada à Ana Carolina.
O show foi explendido, com exceção do tempo pra ela entrar no palco e o pouco que ficou nele.
Sou suspeita porque gosto das letras e da voz dela.
Toda música era motivo de euforia.

http://www.youtube.com/watch?v=rE87mVwtHnw

"Vejo que a vida me prestou esse favor
Me fez sempre pronta pra viver um novo amor
Um novo amor...Porque eu sou feita pro amor Da cabeça aos pés E não faço outra coisa Do que me doar...E subo bem alto Pra gritar que é amor Eu vou de escada Pra elevar a dor...Eu tranco a porta Pra todas as mentiras"

sábado, 24 de abril de 2010

Ser feliz ou ter razão?


Foi como um estalo quando ouvi esta pergunta. O contexto dela também.

Pessoas dão desculpas e culpa demais as outras.


Bem, mas ser feliz não é racional? Acho que ser feliz é muito mais racional que sentimental. Irracionalmente viver sem ter que entender tudo é muito mais feliz que sentir com sentido.

Mas sentir com sentido não é racionalizar as emoções?

Sentir por sentir é tão vago.

Mas ter consciencia do que se sente é tão deep, é ser tão sentimental! E tão doloroso.

Para mim funciona como Clarice: "Não, antes o sofrimento legítimo que o prazer forçado".

Ter razão é muito mais feliz que ter profundidade no sentir. Ser feliz é ser razão.

E isto me lembra o quanto já fui feliz. O quanto não precisava de motivos, de busca de sentimentos.


Hoje sou completamente malabarista na corda da alegria.

As vezes, passo depressa com medo de cair, as vezes passo devagar demais, desfrutando, porque sei que tão breve será o término da passagem, seja pela queda, seja pela etapa findada.



Gabriela Sobreira, 27.03.2010.

Meia Lua

Ao compasso relapso dos meus batimentos, faço intenso meu  caminho
Ando cabisbaixo, sentindo tudo ao redor.
A força é tamanha, assim como a esperança.
Mas há algo que aqui implode e a alegria não é vista.

São os seus olhos que me rodeam.
É a sua mão que me quebra.
É o seu pensar que me desnorteia
É o amor que não vivo em vida.
São muitas as sombras desta caminhada.
É com sol ardente que meus olhos latejam.

Não há proteção.
Há desejo e força.
Há medo e ressureição.
Há dúvida e compaixão.

É por meio a inteira verdade de tantas mentiras.
Que me dispo de mágoas e rancores.
Que me entrego de cara lavada.
Que faço veemente meu destino.
É por ti, lua cheia.

G2

Acontece.

No momento não há crença,mas depois vem a dor da promessa não cumprida.
Vem o consolo das horas, as visitas das noites mal-dormidas.
A certeza que ela não lhe abandonará no dia seguinte traz consigo um grito contido de desespero.
Vai a solitude e vem a solidão.
Vem a penumbra do velho amor sufocado, escondido, que se deixou tornar vazio.
Vem o medo de não poder mais ter o desejo que pulsionava a paixão.
É esconderijo que a alma procura.
É verdade que a alma clama.
Não é fuga.
Não é prazer forjado.
Não é o amor em palavras, em promessas. Em despedidas.
São tantas idas, tantas vindas.
Tanto o que dizer, pouco a falar.
É o momento que a boca seca e clama.
Os olhos cegam e brilham.
É mais que querer.
É sentir.


G2

O Por que de ser....

Salve, Salve Papagaios!!

Inicialmente quero dar as boas-vindas a Gabiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii (Gabriela Sobreira) que a partir de então estará deixando (em palavras) seus sentimentos a ser compartilhado na blogosfera. Mas vamos a questão: O Por que de "Papagaios Berrantes"? A idéia inicial era uma homenagem a "Papagaio do Futuro" Música do Alceu Valença, mas como este titulo já exestia resolvi que este espaço dedicado a sentimentos em forma de músicas, poesias e afins soaria pleno como um Papagaio que berra pra ser ouvido, e é assim nossos sentimentos tranquilos mas pulsantes e eles estão divididos com vc´s. Aproveitem!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..E lembra-te:Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão" Fernando Pessoa


Após o álbum Sade Lovers Live de 2002, diga-se de passagem M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O, principalmente com um bom vinho e uma companhia estonteante, Sade lança Soldier of Love em 2010. Ainda por apreciar:
"Parei de tomar água fresca: o copo neste instante-já é de grosso cristal facetado e com milhares de faíscas de instantes. Os objetos são tempo parado?" Clarice Lispector

Nova Era

Salve, Salve Papagaios!!


Depois de várias luas o 787 Butiquim sai de cena e dá espaço ao "Papagaios Berrantes" que chega pra deixar mais poético e músical a blogsfera. Sejam agentes dos sentimentos nobres!!!