terça-feira, 18 de maio de 2010

Guest

Todo anoitecer ele chega, sorrateiro.
Seja no luar, seja no calor do sono,
Seja no olhar vendo o amanhecer...

Sussurros, vestígios, regozijos.
O calor do sono ressuda,
O olhar pela janela embaça...

Sorrateiro ele fica,
Atormentador ele se vai...

E assim os clarões despontam e as palavras findam.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Agenda (Provisório)

Tudo é provisoriamente eterno para os poetas.
Tudo é eternamente provisório para os amantes.
E o poema apenas a configuração do instante.


Capinar

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Novos Tempos

Por Oswaldo Montenegro

Eu blogo
Tu orkutas
Ele telefona
Nós passamos e-mails
Vos fazeis sites
Eles internetam
E a gente não se encontra mais

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Bandeira

Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for
Eu não quero aquele
Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando tchau

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro, se bem me lembro
O melhor futuro este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o tejo escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo
Quero tudo ter, estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal

Nada tenho vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quanto
Vida vida, noves fora, zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(Se é assim quero sim, acho que vim pra te ver)


Zeca Baleiro

Demasia.

Não peço licença,mas chego de mansinho.
Não peço permissão pra viver,mas vivo.
Não vejo graça em tudo, mas rio de vez em quando.

Não minto,não finjo,não fujo.
Não traio nem a ti,nem a mim.

Sou minha própria amargura.
Tenho o âmago límpido.
Quando quero,quero.
Quando não quero,provo que não quero.
Te magoei, pérfido amor?

Há mais compaixão que egoísmo.
Há mais amor que orgulho.
Há mais pudor que vida.

Parte!
Passividade?Dor? Pouco amor? Amor em demasia?
Amor próprio.
Amor a tua felicidade.

Vive o que tens ao teu lado.
Sorriso,cor,lágrima, o que é teu de fato.
Meu amor nunca foi,nunca é,nunca será dirigido a ti.

Sou mistério desaquinhoado.
"Quem busca a verdade, quem obedece a lei do amor, não pode estar preocupado com o amanhã." Gandhi
"Como um pássaro cantando na chuva, deixe memórias agradáveis sobreviverem em tempos de tristeza."

Robert Louis Stevenson

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Todo Sujo de Batom

Eu estou muito cansado
Do peso da minha cabeça,
Desses dez anos passados, presentes
Vividos entre o sonho e o som
Eu estou muito cansado
De não poder falar palavra
Sobre essas coisas sem jeito
Que eu trago no peito
E que eu acho tão bom.

Quero uma balada nova
Falando de brotos, de coisas assim
De money, de lua, de ti e de mim
Um cara tão sentimental

Quero uma balada nova
Falando de brotos, de coisas assim
De money, de lua, de ti e de mim
Um cara tão sentimental

Quero a sessão de cinema das cinco
Pra beijar a menina e levar a saudade
Na camisa toda suja de batom

Quero a sessão de cinema das cinco
Pra beijar a menina e levar a saudade
Na camisa toda suja de batom

Belchior

Kriptônia

Não admito que me fale assim
Eu sou o seu décimo-sexto pai
Sou primogênito do teu avô, primeiro curandeiro
Alcoviteiro das mulheres que corriam sob o teu nariz
Me deves respeito, pelo menos dinheiro
Ele é o cometa fulgurante que espatifou

Um asteróide pequeno que todos chamam de terra
Um asteróide pequeno que todos chamam de terra

De Kryptônia desce teu olhar
E quatro elos prendem tua mão
Cala-te boca, companheiro, vá embora, que má criação!
De outro jeito não se dissimularia a suma criação
E foi o silêncio que habitou-se no meio
Ele é o cometa fulgurante que espatifou

Um asteróide pequeno que todos chamam de terra
Um asteróide pequeno que todos chamam de terra

De Kryptônia desce teu olhar
E quatro elos prendem tua mão
Cala-te boca, companheiro, vá embora, que má criação!
De outro jeito não se dissimularia a suma criação
E foi o silêncio que habitou-se no meio
Ele é o cometa fulgurante que espatifou

Zé Ramalho
"A confiança do ingênuo é a arma mais útil do mentiroso"
Stephen King

terça-feira, 4 de maio de 2010

Fóbico

A boca pede, os olhos se escondem
O Força toda do corpo no sim
Razão? Medo? Amor? Fraqueza?

Sentir o não sentir, querer o não querer.
Soluço constante na alma, passeio na pele
Sente o vazio e tenta encher mais e mais.

Mas ainda não vê o caminho adiante
O que não volta, o que já está a frente
O jeito lúdico na loucura.
A lucidez da dor,do não ter,do não mais
O âmago mais presunçoso.

Leva com destreza a tristeza
Vive o afago imortal
O calor do corpo de um coração frio
Sente o que foi almejado e latente.

Longa lida, velha busca
Sentimentos inertes
É o que  se pede, é o que se dá.


G2


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Improviso.

A vida é uma peça de teatro que eu ainda não aprendi a me maquiar e subir no palco.

Para você.


"Que saudade agora me aguardem,
Chegaram as tardes de sol a pino,
Pelas ruas, flores e amigos,
Me encontram vestindo meu melhor sorriso,
Eu passei um tempo andando no escuro,
Procurando não achar as respostas,
Eu era a causa e a saída de tudo,
E eu cavei como um túnel meu caminho de volta.
Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores.
Eu te trago um milhão de presentes,
Que eu achava que já tinha perdido,
Mas estavam na mesma gaveta,
Que o calor das pessoas e o amor pela vida...
Me espera estou chegando com fome,
Preparando o campo e a alma pra as flores,
E quando ouvir alguém falar no meu nome,
Eu te juro que pode acreditar nos rumores.
Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores."

Temporada das flores - Leoni
A letra que eu queria ter escrito.

Desejo.


Meu corpo já não fala nada.
Só sente o cheiro daquele abraço.
Do quão protetor foi.
Meu eu calou-se e deixou ser forte e fraco.
Sincero e mentiroso.
Aquela fraqueza era só pra te manter envolvido numa moldura de incertezas.

Era a chave para uma porta perdida.
Chave que caiu num palheiro de medos.
Moldura que criou forma e secou.
E o abraço se tornou meu maior presente de certezas.


A segurança do meu dia feliz.
O cheiro com que adormeço todas as noites.

Absurdo.


Quando parou teus olhos diante dos meus, todo o meu mundo se resumiu a um desejo contido, adormecido, tranquilo, não revelado.

Mas os meus olhos não são mentirosos, apenas sabem o que eles podem evitar.

Basta a memória lembrar-te o tempo todo e fazer confusão num coração que só quer amar.

Vitral

Ao lado respira a dor
O constante vazio
Impulsionado pela incerteza.

Ao passo tem a reta
A velha estrada que segue
O passo lenta e intruso
Que desmascara o vulto.

Sente o pulso e a pluma
Sente amor e busca
Deixa a cor despida
Deixa a flor impune.

O mundo imune
A vida em curso
Tudo em volta
Escuro a espera.

Germano Gomes